Blog

Compor um personagem: Minha experiência dando vida à outras vidas

27/07/2017

Fazer teatro é experimentar viver no corpo de outra pessoa. Calçar outros sapatos. Ver o mundo por outra perspectiva. É clichê, mas é mágico. Esse é o incrível no trabalho de criar um personagem.

O processo é parecido com dar vida a alguém: longo, prazeroso e, algumas vezes, bem doloroso. A razão é simples: cada personagem é alguém. Um ser com bagagem repleta de vivências e emoções, as quais podem ser as melhores que já experimentamos em vida ou podem ser sensações nada fáceis de lidar.

Dicotomia cômicos versus dramáticos

Compor um personagem cômico é leve e proporciona experimentações muito divertidas, daquelas que carregam o coração de graça, luz e felicidade.

Já a criação de um personagem dramático quase sempre traz uma carga emocional bem mais acentuada. Tanto que, durante o processo de descoberta deles, nos confrontamos com nossas próprias emoções e isso nunca pode ser classificado como algo fácil ou “simples” de ser vivido.

A verdade é que, ao compor um personagem, é necessário trabalhar, pesquisar e testar.

• primeiro, porque precisam estar muito bem delineados para servir como simbologia de uma circunstância;

• segundo, porque precisam ser certeiros ao despertar o sentir de quem assiste.

Além disso, eles não são gesso… Criar um personagem não é estático e linear. Eles vão ganhando forma e ritmo no decorrer das apresentações. Só no palco é que podemos testar quais elementos deles funcionam ou não com o público. Desta forma que moldamos e refinamos a interpretação.

Aliás,

tá aí uma das coisas mais fascinantes que o teatro proporciona: apresentar a mesma peça e ter, a cada exibição, uma experiência diferente com o público. Cada personagem é único e, mais do que isso, cada aparição dele é única.

E quando acaba?

Bem, quando acaba, não somos mais os mesmos: o personagem vai embora e, ao partir, deixou algo que com certeza levaremos para a vida…

 

---